Subprocurador de Justiça dá detalhes sobre a investigação do Ministério Público que tem como alvo a gestão de Vitorio Piffero na presidência do Inter

Em entrevista à Rádio Grenal (95.9 FM ou www.radiogrenal.com.br), o subprocurador-geral de Justiça Marcelo Dornelles detalhou a operação deflagrada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul contra a apropriação e desvio de valores do Inter durante a gestão de Vitorio Piffero (2015-2016) na presidência do Inter.

Na manhã de quinta-feira, a Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), com apoio da Brigada Militar, cumpriram 20 mandados de busca e apreensão em endereços de empresários e ex-dirigentes de futebol.

Os crimes em apuração envolvem apropriação indébita, estelionato, organização criminosa, falsidade documental e lavagem de dinheiro. Além de Piffero, são alvos da força-tarefa os ex-dirigentes Pedro Antonio Affatato, Alexandre Silveira Limeira, Emídio Marques Ferreira, Carlos Capparelli Pellegrini e Marcelo Domingues de Freitas e Castro.

A investigação ainda analisa as condutas de pessoas vinculadas a empresas de construção civil, turismo e contabilidade. De acordo com o subprocurador, a investigação surgiu em decorrência de uma auditoria realizada pelo próprio Conselho Deliberativo do Inter, que analisou as contas da gestão 2015-2016.

“A partir dessa análise, trabalhamos como um caso criminal não como uma questão de clube ou esporte”, ressaltou Marcelo Dornelles. “Foram 20 alvos, aprendemos muita coisa que será analisada. Já conseguimos fazer uma demonstração de que efetivamente há irregularidades e crimes demonstrados desde já. Pudemos observar que em todos os ramos daquela administração tinha problemas criminais.”

Ele explicou que uma das principais formas de desvio de dinheiro era realizada da tesouraria do clube, sob a justificativa de pagamento de obras para empresas de construção civil e prestação de serviços, os chamados “adiantamentos”.

Ao todo, cerca de R$ 10 milhões teriam sido retirados dos cofres do clube entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2016. Depois, vinha a “comprovação” dos gastos por meio de notas fiscais emitidas a título de obras que jamais haviam sido realizadas.

“Criou-se uma prática naquela gestão em que o vice-presidente retirava dinheiro vivo”, prossegue o subprocurador. “Os saques em dinheiro eram feitos após as partidas. A renda da bilheteria ia diretamente para o esquema de lavagem de dinheiro.”

Contratos de jogadores

As investigações do Ministério Público também apontaram desvios de dinheiro em negociações e renovações com atletas, além de acordos trabalhistas firmados para beneficiar atletas e empresários, com prejuízo para o Inter. Conforme o órgão, agora haverá uma analise no material que foi encontrado durante a busca e apreensão.

“A condenação pode resultar em uma reparação dos danos, em uma hipótese de ação penal. No âmbito civil, acredito que o Sport Club Internacional já se movimenta para tentar obter essa reparação”, destacou o promotor de Justiça Flávio Duarte, em entrevista coletiva na semana passada.

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