Quinta-feira, 02 de outubro de 2025
Quinta-feira, 02 de outubro de 2025
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apresentou nesta quarta-feira (1º), no Rio de Janeiro, o novo calendário do futebol nacional que será adotado de 2026 a 2029. É a maior reformulação do futebol nacional desde os pontos corridos. Com mudanças profundas, o objetivo da entidade é equilibrar o calendário, reduzir a quantidade de jogos para os clubes de elite e, ao mesmo tempo, aumentar as oportunidades para clubes das divisões inferiores.
Segundo o presidente da CBF, Samir Xaud, trata-se da “maior mudança estrutural do futebol brasileiro em duas décadas”.
Pela primeira vez desde a implementação do sistema de pontos corridos, o Campeonato Brasileiro da Série A será disputado de forma integral ao longo do ano, com início em 28 de janeiro e término em 2 de dezembro.
A competição passa a ter maior espaçamento entre as rodadas e não será mais interrompida durante datas Fifa, uma demanda antiga de clubes, jogadores e técnicos. Com isso, a expectativa é de jogos com elencos completos e melhor qualidade técnica.
Os campeonatos estaduais serão comprimidos em 11 datas, com início previsto para 11 de janeiro e término em 8 de março. Eles dividirão espaço com as rodadas iniciais do Brasileirão em algumas semanas, embora as finais dos estaduais contem com semanas exclusivas, sem sobreposição de jogos nacionais.
Essa foi uma das medidas mais discutidas com as federações locais e enfrentou resistência, especialmente de estados com forte tradição nos regionais. No entanto, a CBF justifica a mudança como necessária para valorizar o calendário nacional e preservar os atletas.
O torneio mata-mata mais democrático do país ganhará um novo formato a partir de 2026:
Serão 126 clubes participantes, subindo para 128 em 2027.
A final será em jogo único, marcada para o dia 6 de dezembro de 2026, encerrando a temporada.
Os clubes da Série A entram apenas na quinta fase, última antes das oitavas de final.
Os campeões da Copa do Nordeste, Copa Verde, Série C e Série D começam na terceira fase.
Além disso, a CBF escolherá sede neutra na final, priorizando infraestrutura, logística e acesso para torcedores de ambas as equipes.
A CBF também anunciou a criação de três torneios regionais, com foco em ampliar o calendário para clubes fora das séries A, B e C:
Copa Sul-Sudeste: 12 clubes (2 por estado – PR, RS, SC, RJ, SP e MG)
Copa Centro-Oeste: contará com equipes da região e do Espírito Santo
Copa Norte: volta ao calendário e será disputada em paralelo à Copa Centro-Oeste; os campeões de ambas se enfrentam na final da Copa Verde
Essas competições ocorrerão entre março e junho, com 10 datas reservadas. Clubes que participarem da Libertadores e Sul-Americana não poderão disputar essas copas regionais.
Com as mudanças, a CBF projeta uma redução de até 15% no número de jogos disputados pelos clubes da Série A, principalmente com a diminuição dos estaduais e o ingresso tardio na Copa do Brasil.
Ao mesmo tempo, a base da pirâmide do futebol nacional será mais contemplada: a Série D passará de 64 para 96 clubes, e haverá 82 novas vagas em competições organizadas pela CBF.
Em números:
Aumento de 11% no total de jogos organizados
Previsão de R$ 1,3 bilhão investidos pela CBF a partir de 2026
26% a mais de clubes com calendário nacional
Apesar do novo calendário entrar em vigor já em 2026, os maiores benefícios serão sentidos apenas em 2028. Isso porque:
2026 será ano de Copa do Mundo masculina, com previsão de 55 dias de impacto no calendário entre datas Fifa e o Mundial.
2027 terá a Copa do Mundo Feminina, que exigirá a entrega antecipada de estádios para a Fifa, restringindo o uso de algumas praças esportivas.
Assim, a previsão da CBF é de que o calendário atinja pleno funcionamento apenas em 2028, com todas as engrenagens ajustadas.
A reformulação do calendário é uma tentativa ambiciosa da CBF de modernizar o futebol nacional, conciliando interesses de clubes grandes e pequenos, federações, patrocinadores e torcedores.
Se conseguirá agradar a todos, ainda é cedo para saber. Mas uma coisa é certa: o futebol brasileiro, a partir de 2026, terá uma nova cara — mais racional, mais inclusiva e, ao que tudo indica, mais profissional.
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