OPINIÃO: Os motivos da ascensão de Heitor

Com três assistências, lateral de 19 anos foi destaque do Inter nas últimas partidas

Foto: Ricardo Duarte / S.C. Internacional

*Nícolas Wagner

Além de Thiago Galhardo, cujo protagonismo na temporada já se tornou habitual, o grande destaque das últimas partidas do Inter foi o lateral-direito Heitor, responsável por três assistências nos últimos dois jogos. Com a grave lesão de Saravia, e a ausência de Rodinei por conta do Coronavírus, o jovem de 19 anos ganhou oportunidades no time titular e, com bons desempenhos, garantiu a titularidade mesmo com o retorno do segundo.

Alçado ao time principal no ano passado, ele jogou bastante depois da final da Copa do Brasil perdida pelo Inter. Por óbvio, não era o momento ideal para um garoto se afirmar. Com clima de terra arrasada, a pressão da torcida era grande, e a saída de Odair Hellmann acarretou um período de transição que gerou um fraco desempenho da equipe dentro de campo.

Com a chegada de Eduardo Coudet para seu segundo ano como profissional, Heitor fez um Campeonato Gaúcho regular e perdeu espaço com a chegada de Saravia, passando a ser apenas a 3ª opção. Situações extracampo surgiram durante a pandemia, e ele acabou sendo afastado do grupo principal para retomar a parte física. Deu certo: ele perdeu 5kg e se mostrou pronto para aproveitar a brecha na lateral.

Depois de minutos ruins contra o São Paulo, Heitor melhorou contra o América de Cali, fez um bom Grenal e dois jogos excelentes, com assistências, contra RB Bragantino e Athletico. A evolução é gradual. Quase sempre é assim com jovens. Por isso é importante dar sequência para que eles possam ganhar confiança e desenvolverem suas potencialidades. Não adianta colocar por alguns minutos em meia dúzia de jogos e depois arquivar. Heitor entrou no time na fogueira no ano passado e hoje é um jogador muito mais maduro para enfrentar adversidades.

O jovem lateral, natural de Pelotas, tem duas virtudes que não se encontram em qualquer lugar: técnica e personalidade. Os cruzamentos para Thiago Galhardo nos dois últimos jogos foram de precisão milimétrica e muita consciência, já que Heitor domina a essencial arte de levantar a cabeça antes de cruzar. O modelo de jogo de Coudet favorece os avanços dos laterais, e o garoto tem aproveitado isso, ainda que seja uma movimentação diferente da que fazia no sub-20, onde trabalha mais por dentro na construção ofensiva.

Já sua personalidade expansiva e brincalhona, vista nas redes sociais e nas amizades com Galhardo e com o já vendido Bruno Fuchs, demonstram um desprendimento para, em campo, jogar solto, sem sentir a pressão e sem ter medo de cara feia. Nesse lado temperamental, ele precisa apenas ser mais calmo em relação à arbitragem, e não correr riscos desnecessários como, por exemplo, ao impedir Renato Kayser de pegar rápido a bola após marcar o gol do Athletico, já tendo cartão amarelo.

Outras evoluções que precisam acontecer dizem respeito à parte física – mesmo que já tenha perdido 5 kg – e ao desempenho defensivo, na composição da linha de quatro e do sistema de coberturas. O lado bom é que são aspectos plenamente corrigíveis. Muito pior seria se ele não possuísse a técnica e personalidade que demonstra.

 

* Por supervisão de: Marjana Vargas

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