“Uma coisa que o atleta nunca pode perder é o prazer de jogar futebol”, diz Wellington Monteiro, Campeão do Mundo pelo Inter em 2006

Wellington Monteiro foi campeão do mundo pelo Inter em 2006

Foto: Arquivo Pessoal

Campeão do mundo pelo Inter em 2006, Wellington Monteiro foi destaque na Rádio Grenal na noite deste domingo (26). Com 41 anos, muitas histórias e experiências já foram vividas pelo jogador tanto dentro quanto fora de campo. Desde as categorias de base, um jogador que visa se tornar profissional deve entender a responsabilidade pessoal e profissional que tem. “O atleta hoje em dia está ciente do que ele vai fazer ou daquilo que ele irá sacrificar. Futebol pra mim não é dinheiro. Claro que todos trabalham para receber e isso é fato. Mas uma coisa que eu nunca perdi foi o prazer em jogar futebol. É o mesmo prazer de quando eu tinha 10 anos de idade e jogava na rua. Uma coisa que o atleta nunca pode perder é o prazer de jogar futebol”, ressalta.

Dentro da sua história no futebol, Monteiro passou por diversos clubes, como Cruzeiro, Vasco, Fluminense. Questionado sobre suas amizades nesses diferentes clubes em que atuou, ele responde: “Eu não sou um cara rico de dinheiro, mas de amizade eu sou bilionário. No Vasco eu não criei muitas amizades, né? Fiquei alguns meses, quase um ano, sem receber salário. Sabemos que o Vasco é um grande clube, um gigante que tem tudo para despertar”, disparou.

Trajetória no Internacional

Monteiro começou sua carreira aos 11 anos, no time mirim do Bangu. Chegou ao time profissional aos 17 anos e passou por Paulista, Cruzeiro e Vasco da Gama até chegar ao Rio Grande do Sul. No estado, jogou primeiro no Caxias, em 2004, indo na mesma temporada para o rival Juventude. Em 2006, voltou ao Caxias e chamou a atenção do Internacional, que o contratou para o segundo semestre. “Eu tive duas propostas, uma do Inter e outra do Grêmio. Eu coloquei na balança. No Grêmio eu iria chegar jogando. E no Inter eu iria buscar espaço. Eu cheguei na hora certa e no momento certo. Se tem uma coisa que eu sempre falo é que ‘cheguei na família certa’. Junto com os torcedores criamos uma sintonia”, explica.

Além de volante, Monteiro também chegou a jogar algumas vezes na lateral-direita colorada, onde marcou dois gols, mas não rendeu na posição, causando críticas principalmente por parte da diretoria colorada. Devido a desentendimentos com a direção do Inter, o jogador foi emprestado no final de 2008 ao Fluminense. Acabou agradando ao clube dos Laranjeiras e teve seu passe comprado em definitivo.

Mundial de Clubes

Em 17 de dezembro de 2006, onze jogadores estavam dispostos a lutar por cada centímetro do gramado do Yokohama Stadium, palco do mundial de clubes da época. Se fosse preciso dar o sangue, e que o zagueiro Índio que o diga, não seria problema para quem tinha o objetivo de cravar a bandeira colorada no topo do mundo. “Naquela época, não tínhamos craques no Inter. Tinham atletas profissionais que visavam ser campeões e sabiam que o clube precisava daquilo.”

Ingenuidade seria pensar que somente a motivação bastaria para vencer o Barcelona. Era preciso acertar a estratégia em campo e deixar o rival, no mínimo, com uma desconfiança na cabeça. “Eu vou ser muito sincero. Pelo menos, três vezes por semana eu revejo aquela final. A gente não esquece, mas analisamos mais quando revemos. O Fernandão virou pra mim em um momento e falou: ‘Monteiro, ganhamos o jogo ai’. Nós discutíamos muito porque o intuito era ser campeão”, explicou.

Se atualmente cada clube possui um elenco diferente e, consequentemente, uma forma de jogar que se difere de outro. No Inter de 2006 não era dessa forma. “Eu falo com emoção sobre aquele elenco do Inter. Hoje não existe mais isso. Aquilo de querer estar junto com outro ou de discutir e daqui a pouco tudo voltar ao normal. É muito difícil criar essa família porque cada um quer uma coisa hoje em dia. Todos estavam na mesma sintonia e tinham o mesmo objetivo: ganhar”, conta.

O time comandado por Abel Braga, media forças com o Barcelona e vencia com gol de Adriano Gabiru a partida histórica que deu ao torcedor colorado o título inédito. Tão inédito que a ficha dos próprios jogadores demorou a cair. “Ninguém tinha essa noção. Quando acabou o jogo fomos direto a churrascaria e sabíamos que muitos torcedores estavam lá e felizes. Entretanto, a ficha só caiu quando estávamos no avião chegando em Porto Alegre. Olhamos para baixo e tudo era vermelho. Foi nesse momento que sentimos o calor do torcedor”, relembra.

Paralisação do futebol e futuro como treinador

O futebol mundial está paralisado por conta da pandemia do novo coronavírus. Sendo assim, diversos clubes estão com suas atividades suspensas e sem previsão de quando tudo voltará ao normal. Monteiro comentou sobre a atuação do Inter neste começo de temporada. “O torcedor precisa ter um pouco de paciência. Sabemos que o trabalho de um Inter é a longo prazo, porém, em um clube grande não é assim. O Inter não tem tempo pra isso. É um clube que vive de título, se não houver terá cobrança. Com o elenco de hoje, tem tudo pra dar certo”, afirma.

Como estamos sem data definida para o retorno das competições, os jogadores realizam os treinamentos em casa para que, em um possível retorno, o desgaste físico não seja tão presente para poder, de certa forma, aguentar a sequência de jogos prevista. “Eu creio que essa parada fez muita gente pensar para refletir. O futebol do nosso país é muito prazeroso. Eu tenho certeza que os jogadores irão voltar diferentes e com muita vontade de jogar bola”, enfatiza.

Monteiro ainda tem um objetivo na carreira que é se tornar treinador de futebol. Questionado sobre em quem ele se espelha para essa nova fase que virá a médio ou longo prazo, sem hesitar responde: “Uma coisa que não podemos ter é prepotência ou vaidade. Sejamos sinceros, depois que o Jorge Jesus chegou ao Brasil muita coisa mudou com o trabalho violento que ele fez. Não é que eu me espelhe nele, mas a gente pega algumas coisas. Fora ele, o Abel e o Vadão são dois caras que eu me inspiro e isso sem desmerecer os outros treinadores com quem trabalhei’, disse.

* Por supervisão de: Marjana Vargas

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