Radio Grenal – um olhar diferente sobre o futebol

Fazer 24 horas de futebol é tarefa para poucos. Na verdade, é tarefa para o grupo que a Rede Pampa contratou para tocar esse projeto. Não conheço projeto parecido. Você liga as 4 da manhã e lá estão falando de…futebol.
A Rádio começou pequena. Comendo pelas beiradas. Parecia coisa de meninos brincando de fazer rádio. Sempre prestigiei a Grenal, porque me via fazendo isso há tantos anos atrás (poxa, faz tempo), quando, junto com outros meninos, fazíamos transmissão de jogos de futebol de botão e depois futebol de salão… para uma rádio fictícia. Mas que tinha reclames (comerciais) verdadeiros.
Eu imitava Fiori Giuliotti, com o seu bordão “abrem-se as cortinas e começa o espetáculo, torcida brasileira”. Emociono-me até hoje, quando, de quando em vez, busco no youtube pedaços de jogos narrados por Fiori. “Crepúsculo de jogo no Pacaembu”, vociferava ao final da partida. E quando um jogador famoso pegava na bola, dizia “o moço de Araraquara ou de Bauru ou, como no caso de Pelé, o moço de Três Corações”.
E os comerciais? Eu decorei muitos. “Patrocinavam” as transmissões dos jogos de botão. Banco União Comercial, o banco azul. Vai Tatu, Tatuzinho, me abre a garrafa e me dá um pouquinho. Lembro de um locutor que dizia, para “dar o tempo”: “no meu Mondaiiiinnnnne são 15 minutos de partida…”.
A Bandeirantes tinha uma trilha sonora para iniciar a jornada esportiva que era um hino. Belíssimo. O rádio contava o mundo. E o slogan, que pode hoje ser aproveitado pela Rádio Grenal – se não me engano era “a única rádio que transmite a cores”. Que tal?
Rádio é como literatura. A TV preguiciza o vivente. Está tudo ali. E, pior: atualmente, criou-se a moda pela qual o repórter só fala da enchente quando está com água pelo pescoço. Se fala do preço do pão, o repórter entra na padaria e veste fantasia de padeiro.
No rádio não é assim. Não tem como fazer isso. E que bom. Rádio é imaginação. E como um bom livro. Claro que há muita porcaria no rádio. Mas o que salva o rádio é a magia do futebol. Ninguém teria assunto para falar de política 24 horas por dia. Mas, de futebol é possível. Sempre há alguém para entrevistar, um gol para repetir, um árbitro para malhar. E sempre há espaço para cornetear.
A Rede Pampa deve continuar a apostar nesse projeto. Na caminhada se faz o caminho. Sempre se pode melhorar. Por vezes, a rádio exagera na improvisação. Por vezes, o que é autêntico demais no comportamento, ao ouvinte parece forçado. Isso se conserta. Tem um jovem que imita o Luxemburgo de forma magnífica. Penso que a Rádio deve incentivar a criação de personagens. Criar personagens estimula o ouvinte.
E quero saudar especialmente a ida de Marco Antonio Pereira para a rádio. Estava ouvindo a transmissão, quando, depois de mais um gol errado pelo centroavante Barcos, ele lascou: “Ah, vai de afumentar”. Genial. Uma frase que carrega um montão de significados. É como se, por vezes, as palavras refletissem, platonicamente, a essência das coisas. “Vai te afumentar” é poético. Lírico. Minutos de crítica a Barcos não conseguiriam explicitar o que Marcão disse em três palavras: Vai te afumentar.
Mais: O projeto da rádio Grenal estimula a concorrência. E abre mais o mercado para os profissionais que se dedicam ao futebol, bastando ver os jornalistas contratados recentemente. Ela veio para ficar.
Cumprimentos à Rede Pampa, à Rádio Grenal e a toda a sua equipe. Como gosto de futebol ofensivo, aposto que a Grenal não joga só por uma bola. Como se sabe, jogar por uma bola é pensar pequeno o futebol.

Lenio Luiz Streck

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