OPINIÃO: Casos de Covid-19 no Inter reforçam posicionamento do governador e mostram que CTs não são “ilhas”

Testes de RT-PCR detectaram quatro infectados no Inter

Foto: Ricardo Duarte / S.C. Internacional

*Por Nícolas Wagner

O Internacional confirmou que quatro atletas testaram positivo para Coronavírus. A informação de alguns colegas da imprensa é de que esse número seria maior, chegando a sete infectados. De qualquer modo, a notícia traz um novo cenário no polêmico debate sobre o retorno do futebol gaúcho. Reforça o posicionamento do governador Eduardo Leite, que segue irredutível inclusive na liberação para treinamentos coletivos, e confronta a tese da “bolha” ou “ilha” em que os jogadores da dupla Grenal estão inseridos por conta de todos protocolos adotados nos centros de treinamento.

As medidas de segurança sanitária ofertadas por Grêmio e Inter aos seus atletas merecem ser saudadas. Não à toa se tornaram modelo para os outros clubes brasileiros. Ainda assim, os jogadores estão sujeitos a se contaminarem no dia a dia, em um supermercado, em um posto de gasolina ou até mesmo no contato com pessoas no condomínio em que moram. Por melhores que sejam os protocolos, os CTs da dupla não são “ilhas”, como sugeriu o vice de futebol do Grêmio, Paulo Luz, em entrevista à entrevista à Rádio Grenal, porque os atletas não passam as 24 horas do dia ali.

Uma alternativa que diminuiria o risco de contaminação seria concentrar os jogadores em um só local. É o que Grêmio fará indo para Criciúma com intuito de treinar com contato físico. É o que as equipes do Gauchão farão durante a semana de conclusão do 2º turno do estadual, caso ele retorne. Porém, não é viável deixar os atletas concentrados continuamente, isolados do mundo e de suas famílias. No Brasileirão, haverá deslocamentos e passagens por aeroportos, onde o risco de contaminação é maior.

Isso tudo dá mais razão ao governador Eduardo Leite, que não parece disposto a simplesmente considerar que o futebol possa rolar alheio ao que acontece na sociedade. Pelas suas manifestações recentes, treinamentos coletivos e Campeonato Gaúcho só acontecerão quando a ocupação de leitos de UTI decair e as bandeiras vermelhas forem substituídas por laranja ou amarelas.

A comparação feita por ele, de que não teria como explicar o futebol acontecendo enquanto o microempreendedor não pode retomar seu negócio, erra ao não considerar que os atletas estarão testados. Mas eles podem se contaminar fora do ambiente futebolístico. E abre brecha para acontecer o que se viu no bizarro Campeonato Carioca, em que três jogadores do Volta Redonda testaram positivo horas antes do jogo, tendo treinado a semana inteira com seus companheiros. Ficam de fora não só do jogo, alterando o planejamento do treinador, mas também se isolam por 14 dias. Gera desiquilíbrio técnico por conta de uma pandemia que segue matando muita gente e vive seu auge por aqui.

É um momento de muita incerteza e anseios. É completamente compreensível a vontade dos clubes de voltar a treinar com contato e jogar, face à crise econômica que demite gente, corta salários e gera déficits milionários. Mas ainda é momento de cautela e de cada um, enquanto cidadão e amante de futebol, fazer a sua parte para que logo ali na frente a bola volte a rolar.

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