“Não haverá possibilidade de ter torcida enquanto não houver vacina”, diz Coordenador do Centro de Pesquisa em Esporte Lazer e Sociedade da UFPR

Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná apontam que o retorno dos torcedores aos estádios de futebol do Brasil, sem maiores riscos, ainda pode demorar para acontecer. De acordo com estudo divulgado nesta segunda-feira (12), a presença da torcida nas arquibancadas só deve acontecer após as descobertas de uma vacina ou de um medicamento retroviral contra a Covid-19.

Dr. Fernando Mezzadri, Coordenador do Centro de Pesquisa em Esporte Lazer e Sociedade da UFPR, em entrevista exclusiva à Rádio Grenal nesta segunda-feira (12) explicou sobre o estudo de autoria dele e do advogado Paulo Schimitt, coordenador da comissão de integridade da Federação Paulista de Futebol. 

O estudo

Na pesquisa, eles desenharam quatro possíveis cenários para a retomada do esporte nacional, sendo o primeiro o mais restritivo de todos e o quarto, o de abertura total à prática esportiva e disputa das competições oficiais. Neste cenário, de retomada completa das atividades da sociedade, eles apontam a necessidade de uma vacina ou remédio contra o novo coronavírus para que a torcida possa voltar aos estádios sem preocupações.

“Não haverá possibilidade de ter torcida enquanto não houver vacina. Sou um torcedor, também frequento os campos de futebol. Mas esse momento exige uma racionalidade maior. Nunca enfrentamos isso na história do país”, explica o coordenador.
Mezzadri, que já foi consultor da Unesco sobre políticas públicas de controle de dopagem, acredita que muitas adaptações precisarão ser feitas para que o futebol possa retomar sua rotina de campeonatos. “Estamos em um momento de pico, de crescimento da curva. O momento, como recomenda a OMS, ainda é de isolamento. Imagina retornar o campeonato agora, onde os atletas vão ter que viajar”, questiona.
Os pesquisadores chegaram a estas conclusões a partir das orientações das autoridades mundiais na área de saúde, epidemiologia e higiene, e também a partir de um ciclo de debates semanais realizados através do canal no YouTube do grupo. “Pelo que os cientistas da área da saúde estão indicando, creio que em torno de 20 dias chegaremos no pico. Dali para frente poderemos pensar no retorno para treinamentos, ainda sem contato físico”, entende.

Retorno dos campeonatos

O mundo aguarda ansiosamente pelo retorno do futebol. No Brasil, com o número de infectados e mortos pelo novo coronavírus subindo a cada dia, há uma indefinição total em relação à volta do esporte. Já em alguns países europeus, que enfrentam neste momento um outro estágio da pandemia, os campeonatos estão mais próximos da retomada.
Mesmo sem nenhum sinal de que o futebol tenha condições de voltar no Brasil, alguns times já começaram a promover o retorno de seus jogadores aos centros de treinamento. Na última terça-feira (5), atletas de Inter e Grêmio se reapresentaram para realizar testes da Covid-19 e exames físicos para retomarem os treinos individuais nos CTs. O Campeonato Gaúcho foi paralisado no dia 15 de março, restando três rodadas para o término do segundo turno. Assim como no Rio Grande do Sul, todos os outros campeonatos estaduais seguem suspensos e não têm previsão de retorno.
O coordenador do Centro de Pesquisa em Esporte Lazer e Sociedade da UFPR, ressaltou que está ciente sobre a realidade econômica dos clubes brasileiros, mas reitera que o momento exige cautela. “entendo a realidade dos clubes, dos empregos, mas é o momento de segurar um pouquinho mais para garantir a vida das pessoas envolvidas e seus familiares”, salienta.
A situação na Europa é diferente. Ao contrário do que acontece no Brasil, as equipes das principais ligas do Velho Continente só começaram a voltar aos trabalhos após os números do novo coronavírus apresentarem queda. Países como Alemanha, Espanha e Portugal veem, a cada dia, uma redução no número de casos confirmados e mortes, sendo assim, é possível projetar datas para a bola voltar a rolar.

Na Itália, que já foi o epicentro da doença, o cenário, embora ainda preocupante, é mais ameno e os clubes estão próximos do retorno aos trabalhos. Já no Reino Unido, a curva de contágio ainda não apresenta queda, o que faz o Campeonato Inglês ter uma previsão de volta mais à frente em comparação com outras ligas importantes da Europa.

Dr. Mezzadri comentou sobre o retorno dos campeonatos na Europa, salientando que o vírus chegou em determinadas regiões antes de chegar ao Brasil. Dessa forma, é possível concordar que não é uma questão cultural como muitos acreditam ser. “Lá, a disseminação começou duas ou três semanas antes. Não é uma questão cultural, é apenas de tempo da chegada acelerada do vírus no país”, finaliza.

* Por supervisão de: Marjana Vargas

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